Alenquer
O concelho de Alenquer, terceiro em àrea no distrito de Lisboa com sede
a 36 km da capital foi constituído entre 1832 e 1855 o que corresponde,
culturalmente, as gerações do Romantismo.
O recorte da silhueta medieval da
parte alta e a bordadura dos alçados e chaminés de fábricas, cá em baixo na
linha de agua a caminho do Tejo, são as imagens que marcam o perfil desta
vila-presépio modelada pela geografia e pela história.
A malha urbana do velho burgo desceu a encosta e veio ocupar
as duas margens do rio a partir de dois núcleos geradores : inicialmente a
acrópole castreja e depois o agregado conventual de S. Francisco
Mas não foi fácil a ocupação deste espaço acidentado. Na
verdade a vila cresceu condicionada por alguns factores adversos. O forte
pendor das suas colinas a dificultarem a implantação do
casario; o curso caudaloso do rio
a não permitir a fácil ligação entre as duas margens; finalmente os ventos
dominantes a impedirem o crescimento da povoação para a fachada norte das suas
colinas para além do limite possível que o Casal Ventoso assinala na
expressividade da sua denominação.
Foi lento e demorado o
crescimento de Alenquer, a « vila meandro », designação feliz do geógrafo
Amorim Girão.
Durante muitas gerações ela viveu
adormecida à sombra protectora da sua velha fortaleza.
Nos finais do século XIV pouco
casario haveria ainda nas encostas das suas colinas e nas margens amenas do rio
que lhe contornava o recorte caprichoso das suas bases. De facto, em pleno período da crise de 1383/85 , Fernão Lopes
descreve-nos assim a chegada de D. João I a esta vila para castigar o seu
alcaide que levantou pendão pelo rei de Castela: « O mestre como chegou a uma
igreja, que chamam de Santo Espírito, que é um chão acerca do rio, que corre ao redor da vila, recolheu a si sua gente, desde ai foi por uma comprida calçada
acima e pousou no mosteiro de S. Francisco que ali há...»
O mestre e o seu exército
contornaram as muralhas da praça rebelde, passaram ao largo da Porta do
Carvalho e foram fixar o seu arraial no Convento franciscano, ainda nesta época
isolado no topo da colina fronteira ao Castelo.
Tempos volvidos, Damião de Góis,
nos finais do séc. XVI, na sua « Descrição da Cidade de Lisboa » fala assim da
sua terra natal nesse tempo bastante despovoada de um lado e de outro do rio:
Passaram os séculos, permanecem
os vestígios.
Os restos da JUDIARIA no extremo
Norte da Vila: uma ou duas casas a recordar a presença daquela etnia que
durante séculos fixou residência nesta localidade.
O TERREIRINHO, saboroso trecho
medieval, hoje deformado pela construção aberrante de uma moderna vivenda que
lhe destrui o equilíbrio arquitectónico.
A IGREJA DA VÁRZEA , retirada do
culto e transformada em arrecadação , situada junto à velha muralha da Porta da
Conceição a lembrar Damião de Góis que
ali esteve sepultado.
A TORRE DA IGREJA DE SANTIAGO,
antiga sede de freguesia, solitária ruína meia adormecida entre o
arvoredo a testemunhar a existência naquele local de uma velha capela mandada
erigir pelo rei conquistador..
Nota: Texto inspirado no livro "O Concelho de Alenquer 1" de Oliveira Melo, Rodrigues Guapo e José Eduardo Martins.
Nota: Texto inspirado no livro "O Concelho de Alenquer 1" de Oliveira Melo, Rodrigues Guapo e José Eduardo Martins.